Encantamentos 2: Bumba-meu-boi / Enchantements 2: Boumba-mon-boeuf-à-moi

 lá na fazenda do patrão,
lá pelas bandas do sertão, 
ou será no maranhão?
catarina, grávida, com os óião
vê o boi pintado garanhão. 

seu francisco, com os óião 
preocupado fica com o comichão, 
sentado na frente do portão, 
seu Francisco, ai que medão! 
o que será de nóis, então? 

mas, muié grávida tem prontidão, 
lá, onde toca o serão,
lá, lá longe no meu sertão,
ou será no Maranhão? 
minha muié com o barrigão, 
tinha mesmo é que comer o lingueirão.

e assim de madrugada, 
quando todos acalmados, 
na senzala, na casa grande, 
seu Francisco, com os óião,
matou aquele boizão. 

seu francisco e catarina, 
de noitinha, sem tropicão, 
e embrenharam pelo matão, 
ai, meu deus que medão! 

anos depois, com preocupação,
francisco e catarina e o filhão, 
voltaram às terras do patrão, 
lá estava o esqueletão,
o menino mandou um soprão,
ai meu deus, lá vai o boizão, 
dançando na escuridão! 

© Ana Rossi


Là-bas, dans les fermes du patron,
Là-bas, au loin dans le sertão,
Ou bien est-ce dans le Maragnon?
Mère Cath’rine, en cloque, avec ses yeux pétillants,
Vit le boeuf en couleurs, sacré étalon !

Père Francisco, avec ses yeux étincelants,
Fronça les sourcils, sacrées titillations,
Assis, qu’il était, sur le portillon,
Père Francisco, quel frisson!
Que sera de nous dans ces conditions?

Femme grosse a des péchés mignon,
Là-bas où on joue le flonflon,
Là-bas, bien loin dans le sertão,
Ou bien est-ce dans le Maragnon?
Toute femme avec le bouchon,
Devait manger de l’étalon.

Et, alors, lorsque fut la nuit,
Quand, presque tous endormis,
Dans la Senzala, ou chez le fermier,
Père Francisco, avec ses deux yeux ronds,
D'un coup sec, saigna cet étalon.

Père Francisco et Mère Cath’rine,
Dans la nuit, sans chambardements,
Disparurent dans les buissons,
Mon Dieu, que de tensions!

Des années plus tard, encore tourmentés,
Père Francisco, Mère Cath’rine avec le fiston âgé,
Revinrent sur les terres du patron,
Oh! Les voilà, les ossements,
Le gamin poussa un sifflement,
Mon Dieu, voilà que renaît l’étalon,
Festoyant dans l’imagination! 

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