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Poema, de Marcos Bagno / Poème, de Marcos Bagno (traduit par Ana Rossi)

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o poema não quer dizer                                     me rói que eu o extirpe - ele quer ser                                                        - oculta estirpe anseio vão de concretude                                somente então é que sossega com que se ilude                                                  - a luz o cega o poema é uma escrescência                           em sua torpe consciência - quase doença                                                    pensa que pensa enrijecido feito um calo                                   porém é oco solipsismo - coço e me calo                                                 eco no abismo me ocupa um lado da cabeça                         pois sua vida (ou não) futura e dói à bessa                                                       é a leitura © Ana Rossi le poème ne dit pas                                        il me ronge jusqu'à l’extirper -

Encantamento 4: Soneto da Cuca / Enchantement 4: Sonnet de la Croque

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Lá onde a lua não tem mais cara, Lá, quando as crianças vão dormir, Lá, onde os telhados esbarram, Lá, bem lá longe, vivia a Cuca. Com uma cara de mulher e um Corpo de jacaré, lá vai ela, Amedrontando as crianças peraltas,  Nas noites cheias de pleno luar.  Pedrinho e Narizinho, na sala com Dona Benta, preparando o jantar. Um barulho! Cruz Credo! Estrepolias no ar. Vamos todos, lá no telhado, para brincar, E a Cuca já prestes a amedrontar, Foi embora para dormir sete anos sem penar.   © a na rossi Là-bas, où la lune n’a plus de visage, Là-bas, lorsque les enfants dorment, Là-bas, où les toitures se bousculent, Lá-bas, bien loin, vivait dame Croque. Un visage de femme, dans un Corps d’alligator, elle y va, toujours, Faisant peur aux p’tits et aux grands, Que les bêtises folâtrent en tours grisonnants! Pierrot et P’tit Nez, dans le salon avec Dame Blette, qui prépare un grand dîner, Du bruit ! Mon Dieu ! Que des bêtise

Encantamento 3: A Mula-sem-cabeça / Enchantement 3: La Mule-sans-tête

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Era uma vez, numa cidadezinha,  Bem lá para os fins de Minas, Onde a chuva não parava de molhar,  Numa cidade bem pequeninha,  Uma doceira, ia e vinha,  Ocupada diante do fogaréu.  Joaninha, mãos de fada-madrinha, Fazia bolo de fubá e queijadinha,  E doce de leite, e até goiabada cascão,  Por aquelas bandas, o povo vivia então,   Esperando o cheiro do fogão,  Mas, muito trabalho, dá muita inveja,  A vizinha de Joaninha era uma delas,  Ninguém ficava de pé, só ela. Era de dar dó! E um dia a vizinha veio comprar um  Docinho, aquele docinho sonhado de noite. Mas Joaninha reservara o docinho para o padre,  Não, minha senhora, não posso vender este, Na falta deste, tenho rocambole, brevidade,  E até mesmo biscoitos recheados.  Não, quero mesmo é a bolachinha de goiaba.  E, diante da recusa de Joaninha, a vizinha,  Tão pequenininha, começou a rasgar palavrório,  Sobre a pobre Joaninha cochichando de boca em boca,  Com a língua ferina,

Encantamentos 2: Bumba-meu-boi / Enchantements 2: Boumba-mon-boeuf-à-moi

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 l á na fazenda do patrão, lá pelas bandas do sertão,  ou será no maranhão? catarina, grávida, com os óião vê o boi pintado garanhão.  seu francisco, com os óião  preocupado fica com o comichão,  sentado na frente do portão,  seu Francisco, ai que medão!  o que será de nóis, então?  mas, muié grávida tem prontidão,  lá, onde toca o serão, lá, lá longe no meu sertão, ou será no Maranhão?  minha muié com o barrigão,  tinha mesmo é que comer o lingueirão. e assim de madrugada,  quando todos acalmados,  na senzala, na casa grande,  seu Francisco, com os óião, matou aquele boizão.  seu francisco e catarina,  d e noitinha, sem tropicão,  e embrenharam pelo matão,  ai, meu deus que medão!  anos depois, com preocupação, francisco e catarina e o filhão,  voltaram às terras do patrão,  lá estava o esqueletão, o menino mandou um soprão, ai meu deus, lá vai o boizão,  dançando na escuridão!  © Ana Rossi Là-bas, da