óculos embaçados / lunettes brouillées


Este poema nasce de uma sensação de felicidade imensa quando sai para passear ao sol em Brasília, durante a pandemia.


óculos embaçados
o dia lindo
corre sem pesar
o mundo palpável
se apega a mim
e no jardim do interesse
eu me vejo
minha imagem na água
- não como narciso –
há tantos narcisos...
a minha imagem vem
e de repente a nitidez
corre pelas minhas veias

óculos de sol
meu hoje se transforma
no meu hoje
olho para além do que está
olho e enxergo o que é
o que está dentro de mim

óculos de sol em dia de calor
saio
sozinha e comigo mesma
no entanto
a leveza da vida segue
forte
uma atriz em cena
uma raiz profunda
que emerge em mim

óculos pretos em dia de sol
o céu está lindo
ele conversa comigo
nas suas fases do meio
e nisso
sou reconhecida

óculos pretos não embaçam (mais)  minha visão






Ce poème naît d’une sensation d’immense bonheur lorsque je suis sortie me promener au soleil à Brasilia, pendant la pandémie.

des lunettes brouillées
belle journée
court sans peine
le monde palpable
s’attache à moi
et dans le jardin de l’intérêt
je me vois
mon image dans l’eau
- non pas comme narcise –
tant de narcises...
et mon image vient
soudain la netteté
court dans mes veines

des lunettes de soleil
mon aujourd’hui se transforme
dans mon aujourd’hui
je regarde au-delà de ce qui est
je regarde et je vois ce qui est
ce qui est en moi

des lunettes de soleil en un jour de soleil
je sors
seule et avec moi-même
cependant
la légerêté de la vie suit
forte
une actrice en scène
une racine profonde
naît en moi

des lunettes de soleil en un jour ensoleillé
le ciel est beau
il parle avec moi
dans ses phrases du milieu
et en cela
je suis reconnue

des lunettes de soleil ne brouillent (plus) ma vue




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