de ma fenêtre / de minha janela
Ce poème retrace une réflexion sur le temps, qui est l'une des grandes questions que je me pose. Cela porte sur la vie qui passe, qui s'en va et comment nous devenons ce que nous faisons. Dans mon cas, poète qui regarde de sa "fenêtre".
(traduit vers le français 01-03-2020, Brasília, Brésil)
de ma fenêtre
j’observe des fleurs et des couleurs
dans le lendemain né
dans des moyennes mesures
tensions dans le temps
me cherchent
naissance des fleurs
de ma fenêtre
j’écoute le bruit du monde
j’entends les voix du monde
je sens le bourdonnement du monde
qui entre par les pages du livre
mises à l’endroit
des couleurs des fleurs des basculements
aucune perte ressentie
de la pureté en sort
de la pulsation de mes doigts
des gestes de création
dans l’absence du rien
tout va heureux et sans peur
parce qu’il n’y a rien
il n’y a rien
de ma fenêtre
je calcule mon âge
qui ne m’appartient plus
âge des monts
âge des évènements
âge des passés
âge de tout
ce tout qui ne m’appartient pas
ce tout qui s’éclaire
et devient limpide
je récupère la langue
portugaise brésilienne
de ma fenêtre
je traverse le monde
et ce n’est plus moi
qui suis moi dans ce monde infini
qui suis moi sans moi
poésie
et ce geste incessant
répété depuis ma naissance
et également dans la vie d’hier
et dans la vie de demain
que je ne sais plus où elle est
je sais seulement que j’écris
et en cet instant je suis
le geste qui glisse
la main qui sent
le stylo qui écrit
j’écris
sans être plus moi
j’écris
sans être plus personne
seulement le geste essentiel
primordial
geste des premiers moments
qui n’existent pas
geste de l’écriture obsession
illusion
et plus j’écris
plus je deviens moi
Este poema traz uma reflexão sobre o tempo, que é uma das grandes questões que eu me coloco. Isto tem a ver com a vida que acontece, com o que vai embora, e como nós nos tornamos aquilo que nós fazemos. No meu caso, uma poeta que olha da sua "janela" .
(poema escrito em português em Avignon, França, 05 de maio de 2006)
de minha janela
observo flores e cores
no amanhã nascido
em meias medidas
tensões no tempo
busca por mim
o nascer das flores
de minha janela
escuto o barulho do mundo
ouço as vozes do mundo
sinto o ruído do mundo
que entra por entre as páginas do livro
colocadas pelo direito
cores flores trejeitos
nenhuma perda sinto
uma pureza sai
do pulsar de meus dedos
gestos de criação
na ausência do nada
tudo corre feliz sem medo
porque nada há
nada tem
de minha janela
calculo minha idade
que já não é minha
idade dos montes
idade dos acontecimentos
idade dos passados
idade de tudo
esse tudo que não é meu
esse tudo que se aclara
e se torna límpido
recupero a língua
portuguesa brasileira
de minha janela
atravesso o mundo
e não sou mais eu
quem sou eu nesse mundo infindo
quem sou eu nessas neves esbranquiçadas
quem sou eu sem eu
poesia
e esse gesto incessante
repetido desde meu nascimento
e também na vida de ontem
e na vida de amanhã
que não sei onde está
só sei que escrevo
e nesse instante sou
o gesto que desliza
a mão que sente
a caneta que escreve
escrevo
sem ser mais eu
escrevo
sem ser mais ninguém
apenas o gesto essencial
primordial
gesto dos primeiros momentos
que não existem
gesto da escrita obsessão
ilusão
e quanto mais escrevo
mais eu sou eu
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