Arthur RIMBAUD, "Sangue Ruim" / "Noite do inferno" (tradução Ana Rossi)
SANGUE RUIM Tradução de Ana Rossi anahrossi@gmail.com Fonte : Arthur Rimbaud, “Mauvais sang” in Poésies, Une saison en enfer, Illuminations, [Préface de René Char, Edição organizada por Louis Forestier], Paris, Gallimard, 1999, p. 179-187 Dos meus ancestrais gauleses tenho o olho azul e branco, o miolo estreito e a inabilidade para a luta. Encontro minhas vestimentas tão bárbaras quanto as deles. Mas não besunto meu couro cabeludo. Os Gauleses eram retalhadores de animais, os cremadores de ervas os mais ineptos de seu tempo. Deles, tenho : a idolatria e o amor ao sacrilégio ; - ah ! todos os vícios, cólera, luxúria, - magnífica, a luxúria ; - sobretudo mentira e preguiça. Tenho horror a todas as profissões. Mestres e obreiros, todos camponeses, horríveis. A mão na pluma vale a mão no arado – Que século de mãos ! Nunca terei minha mão. Depois, a domesticidade até mesmo longe. A honestidade da mendicância me desola. Os criminosos dão nojo como o