implosão(ões) - viagem ao fim de mim mesma / implosion(s) - voyage au bout de moi-même

a dor estilhaça envoltórios
o meu ser flui com celeridade
nas ondas mentais novamente criadas
e deixo de lado a roupagem
que não me serve mais

a dor estilhaça envoltórios
velhos, rasgados, detonados
que não queremos largar
no auge da ascensão, solidão
os limites do céu se dilatam
percorro horizontes inéditos
viajo em mim mesma
a mais longa das viagens
(comigo mesma)
a mais bonita delas

a dor estilhaça envoltórios
uma nova roupagem chega
firme e forte
na imensidão da vida
os caminhos se renovam
refazendo as minhas forças
deixando de lado antigas
situações de vitimização
meu vôo alcança sossego
e, sossegada, crio outros envoltórios
em voos mais altos, mais felizes
(comigo mesma)
acariciando o meu destino
que traço cada vez mais consciente

a dor estilhaça envoltórios
e, eu, abri a caixa de pandora
e vi (vejo) aquilo que não são
mais fantasmas
apenas criações minhas
que (re)conheço, desempoeirando
os recônditos do meu ser
voltando-o para o novo
abrindo novos espaços onde
a respiração flui

não tenho mais medo de mim
meu lugar é aqui



la douleur implose la pellicule
mon être s'envole avec célérité
dans les ondes mentales nouvellement créées 
et je laisse de côté les vestes
qui ne me vont plus

la douleur implose la pellicule
vieillie, déchirée, détonée
que nous ne lâchons pas
au sommet de l'ascension, recueillement
les limites du ciel se dilatent
je parcours des horizons inédits
je voyage en moi-même
le plus long des voyages
(en ma compagnie)
le plus beau de tous

la douleur implose la pellicule
de nouvelles vestes arrivent
fermes et fortes
dans l'immensité de la vie
les chemins se renouvellent
refont mes forces
laissant de côté d'anciennes
situations de victimisation
mon vol atteint la paix
et, en paix, je crée d'autres pellicules
dans des vols plus hauts, plus heureux
(avec moi-même)
je caresse mon destin
que je dessine consciemment

la douleur implose la pellicule
et, moi, j'ai ouvert la boite de pandore
et je vois (je vis) ce qui ne sont plus
des fantômes
seulement mes propres créations
que je (re)connais, dépoussiérant
les coins de mon être
le tournant vers le nouveau
ouvrant de nouveaux espaces où
la respiration fluidifie

je n'ai plus peur de moi
ma place est ici

Commentaires

  1. Belíssimo, transcendental, delicado, mas forte! abraços, Cláudio Braga

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    1. Caro Cláudio. Muito obrigada pelo comentário. Grande e forte abraço!

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