anjo caído / ange à terre
anjo ca ído, dobrado, esmiuçado, despedaçado, eis que você renasce novamente, nestas carnes cruas, duras que são as tuas vestes, endurecidas, alvejadas por luzes que descrevem o teu ser etéreo anjo caído, debruçado, amordaçado, teu grito sai da garganta sem poder sair, e ele fica aí, tentando ver a saída, mas saída não há, ainda não, será preciso ir até o final, até o final disto aqui, para enxergar tudo porque, anjo caído, antes, fechado para o teu ser, você emergiu das brumas, das tramas onde você mesmo escorregou, sem saber, embora sabendo, com a clara consciência rasgada naquilo que você mesmo criou, in- lócus, e não reconhece mais, nestes trastes velhos de tudo o que passou ; e que você ousa, pela carne, ultrapassar © Ana Rossi ange tombé, plié, en miettes, en morceaux, te voilà qui renaît à nouveau dans la chair crue, drue que sont tes vestes, endurcies, et ainsi, blanchies, elles décrivent ton être éthéré ange tomb