nosso guaraná ! / vive le guarana

nosso guaraná !

há muitos anos atrás, muitos anos mesmo,
havia muita fome numa aldeia de índios, não
chovia há muito tempo, e a seca estava lá,
as árvores não davam nem mais um coco!

os pássaros não cantavam mais ; nos rios, mais
nenhum peixe, e nas matas, tudo era silêncio,
aí, nasceu um curumim de olhos redondos ; e as
árvores se esverdearam, os peixes voltaram !

e o curumim cresceu, cresceu, muito amado,
mas jurupari, o espírito do mal, muito cruel,
não estava nada feliz ; todos contentes ?
era preciso acabar com toda aquela felicidade !

e o curumim foi à floresta colher frutos, foi
andando, andando muito distraído, e brincou
com os filhotinhos do tatu, do bicho-preguiça,
e, traiçoeiro, jurupari, virou cobra, e o mordeu !

deram falta do curumim ; procuraram por
toda parte ; e depois o encontraram deitado
no chão, sem vida ; parecia dormir ; quando
o encontraram veio um grande trovão, tupã !

e choveu, choveu, choveu, sem parar dias afins ;
e um raio caiu perto do curumim ; enterraram o
menino ali mesmo ; dias depois nasceu uma planta
nunca vista, com frutos vermelhos e sementes negras

iguais aos olhinhos do curumim, viva o guaraná !


© Ana Rossi

vive le guarana !

il y a plusieurs années en arrière, il y a longtemps,
dans une tribu d'indiens, la faim assolait partout;
depuis longtemps, plus une goutte de pluie et la
sécheresse était tellement présente que les arbres
ne donnaient même plus de fruits, rien de rien !

les oiseaux ne chantaient plus; dans les rivières,
aucun poisson, et dans les bois, tout était silence,
alors, naquit un couroumin aux yeux ronds; et
les arbres se reverdirent, les poissons revinrent !

et le couroumim grandit, grandit, très aimé,
mais jouroupari, l'esprit du mal, très cruel
n'était pas du tout heureux ; tous contents?
je m'en vais mettre une fin à tout ce bonheur!

et couroumim s'en alla dans la forêt cueillir des
fruits, il marcha, marcha très distrait, et même
qu'il joua avec les petits du tatou, du paresseux,
et le traître, jouroupari devint serpent, et le piqua!

on signala son absence; on le chercha partout ;
et on le trouva, longtemps après, couché
par terre, sans vie ; il paraissait dormir ; quand
on le trouva, vint un grand tonnerre, toupan !

et il plut, il plut, il plut sans arrêt pendant des jours;
et un éclair tomba à côté du couroumim ; on enterra
le petit sur place ; des jours après naquit une plante
inconnue jusqu'alors, aux fruits rouge et noyaux noirs


tels les p'tits yeux ronds du couroumim, vive le guaraná!

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