Messages

Affichage des messages du mars, 2015

Estampas Baratas, de Luiz Martins / Estampes Bon marché, Traduction Ana Rossi

Image
I De letra em letra, uma linha; De linha em linha, uma quadra; De quadra em quadra, caminha A vida bem ladrilhada II Ser poeta é quase tino, Lida de escrever, fado. E quem lê tal desatino, Por certo ganha o que é dado. III E se a sorte, num presságio, Avisa, mora bem perto, Fortuna há pouco invisível. Tesouro, agora, entreaberto. IV Triste alegria a do verso: Sincero, fagueiro, carinho. Chora a criança no berço; Ri, no adeus, o velinho. V Nem tudo na vida é festa, Mas, de festa a vida é farta. Com festa é que a vida presta, A vida sem festa é farsa. VI Não que do vinho não venha, Como dizia o ditado, Verdade que se contenha, Senão, mentir é verdade. VII Ilusão que se definha, Bem cedo, a vida se gasta. Quem é sábio não se engana, Boa sina é a vida modesta.   © Ana Rossi I De lettre à lettre, ligne De ligne en ligne, carré De carré en carré, chemine La vie bien quadrillée II Être poète est pr

Encantamento 1 : Saci pererê, nosso sapeca / Enchantement 1: Saci pererê, notre coquin

Image
saci pererê, escondido nas matas olha, depressa, montado num cavalo a nuvem passa, ventava muito perto da mata, que confusão! as galinhas saíram assustadas, a porteira do curral abriu-se, as pombas voaram sobre as crinas dos cavalos a cachorrada latiu sem parar. lá vem o saci sapeca, bagunceiro, mas ninguém o viu, só ficou o rastro, que não tem cheiro, na poeira daquelas bandas lá vai o saci aprontando mais uma o feijão com gosto de doce, a água derrubada no chão, a cebola queimada na panela, a gaveta do armário aberta, o milho que não estourou. que confusão !  © ana rossi saci pererê, caché dans les bois, regarde, vite, filant sur un cheval le nuage passe, il ventait beaucoup près des bois, quelle confusion ! les poules sortirent affolées, la porte de l’étable s’ouvrit, les pigeons s’envolèrent sur les crinières des chevaux, les chiens aboyèrent sans arrêt. alors, vient le saci espiègle, badin,

Encantamento 1 (Tradução) : o pato pateta, Autor: Toquinho / Enchantement 1 : le canard canardé, Auteur : Toquinho – Traduction : Ana Rossi

Image
Lá vem o pato Pata aqui, pata acolá L á  vem o pato Para ver o que é que há O pato pateta Pintou o caneco Surrou a galinha Bateu no marreco Pulou do poleiro No pé do cavalo Levou um coice  Criou um galo Comeu um pedaço De jenipapo Ficou engasgado Com dor no papo Caiu no poço Quebrou a tigela Tantas fez o moço Que foi pra panela  © Ana Rossi Voilà le canard Canard par-ci, Canard par-là Voilà le canard Pour voir ce qu’y a Le canard canardé  Badigeonne la coupe Dégomme la poule Frappe le caneton S’envole du cordage Au pied du cheval Reçoit un coup  S'fait un cocard Il mange un morceau  De jenipapou S’enraie la gorge Quel mal de poitrine !  Tombe dans le puits Casse le pot Il en fait tellement, le jeunot Qu’il part direct au brasero www.youtube.com/watch?v=z8-yWOXXJ4Y

estampas de 73 / estampes de 73

Image
estampas escoam na minha mente 73 volta a ressoar numa música longinqua que (ainda) segue o meu caminhar mas, desde então, a água rolou muita coisa a mudar nas minhas esferas 73 segue no meu caminhar 73 ano de minha morte 73 ano de meu nascimento para a literatura anos vividos em várias línguas sintetizados hoje em português e, na confluência dos dias 73 segue comigo não mais como um inimigo mas como uma parte de meu ser na escritura   © Ana Rossi estampes éclosent dans ma mémoire 73 sonne à nouveau une musique lointaine qui accompagne (encore) mon pinceau mais, depuis lors, de l’eau passa tout changea dans mes sphères 73 suit (encore) mon aura 73, année de ma mort 73, année de ma naissance en littérature des années vécues en plusieurs langues synthèse aujourd’hui en portugais et, dans la confluence des jours 73 m’accompagne non plus comme un ennemi mais comme une partie de mon être refait